Vamos entender por que nosso cérebro nos faz agir dessa forma e como podemos usar esse conhecimento para tomar melhores decisões financeiras.

Por Naskar
Publicado em 25/03/2025

Imagine que alguém lhe ofereça duas opções: receber R$ 100 agora ou esperar um ano para receber R$ 200. Qual você escolheria?

Se você é como a maioria das pessoas, provavelmente optaria pelos R$ 100 imediatos. Mas por quê? Afinal, esperar um pouco mais dobraria seu dinheiro. Essa tendência de preferir recompensas imediatas, mesmo quando esperar resultaria em um benefício maior, é um fenômeno estudado na economia comportamental chamado desconto hiperbólico e está diretamente ligado à Teoria do Tempo Presente.

Por que valorizamos o presente mais do que o futuro?

Nosso cérebro evoluiu para priorizar recompensas imediatas, pois em tempos antigos, nossos ancestrais precisavam garantir a sobrevivência no curto prazo. Alimentos, segurança e abrigo eram prioridades urgentes, e esperar por uma recompensa futura poderia significar perder uma oportunidade valiosa no presente.

Hoje, vivemos em um mundo onde o planejamento financeiro é essencial, mas nosso instinto ainda nos leva a preferir ganhos imediatos. Isso acontece porque o futuro parece abstrato, enquanto o presente é tangível e real.

Esse comportamento está diretamente ligado à função de desconto hiperbólico, que descreve como as pessoas atribuem menos valor a recompensas futuras, quanto mais distantes elas estiverem no tempo.

A Matemática do Desconto Hiperbólico

Se fôssemos perfeitamente racionais, calcularíamos o valor do dinheiro no futuro com base em taxas de juros ou de retorno sobre investimentos. No entanto, nosso cérebro não funciona dessa maneira.

Em vez de descontarmos o valor futuro de forma linear, tendemos a desconsiderá-lo de maneira hiperbólica. Isso significa que o valor de uma recompensa diminui muito rapidamente quando a espera é curta, mas diminui mais lentamente quando a espera já é longa.

Exemplo prático:

  • Se alguém lhe oferece R$ 100 hoje ou R$ 110 amanhã, você pode preferir pegar os R$ 100 hoje.
  • Mas se a escolha for entre R$ 100 em um ano ou R$ 110 em um ano e um dia, você provavelmente escolherá esperar um dia a mais pelos R$ 110.

Nos dois casos, o tempo de espera é o mesmo (apenas um dia), mas quando a decisão envolve o presente, o valor emocional de esperar parece muito maior.

Como a Teoria do Tempo Presente Afeta Suas Finanças?

Essa preferência por recompensas imediatas pode gerar decisões financeiras impulsivas e prejudicar a construção de riqueza no longo prazo. Aqui estão alguns exemplos práticos:

📉 1. Dificuldade em poupar dinheiro

Ao invés de investir para um futuro mais confortável, muitas pessoas gastam tudo o que ganham em pequenas gratificações imediatas, como compras por impulso ou lazer excessivo.

💡 Solução: Automatizar investimentos mensais pode ajudar a evitar que o dinheiro seja gasto no presente sem planejamento.

💳 2. Uso excessivo do crédito

Cartões de crédito e compras parceladas oferecem gratificação instantânea, permitindo que você tenha algo agora e pague depois. Porém, juros altos transformam essa decisão em um grande problema financeiro.

💡 Solução: Antes de fazer uma compra parcelada, pergunte-se: “Eu realmente preciso disso agora, ou posso esperar e pagar à vista?”

🎰 3. Busca por ganhos rápidos nos investimentos

Muitas pessoas preferem arriscar em investimentos altamente especulativos, como criptomoedas ou “ações da moda”, em vez de construir riqueza de forma consistente com ativos sólidos e diversificados.

💡 Solução: Criar um plano de investimentos baseado no longo prazo e evitar a tentação de ganhos rápidos pode garantir um patrimônio mais seguro.

Como Enganar o Próprio Cérebro e Pensar no Longo Prazo?

Agora que sabemos que nossa mente está programada para valorizar o presente, como podemos contornar esse viés e tomar decisões financeiras mais inteligentes?

1. Use a Técnica do “Eu Futuro”

Antes de tomar uma decisão financeira, pergunte-se: “O que meu ‘eu do futuro’ pensaria sobre essa escolha?” Visualizar-se no futuro pode tornar as consequências mais reais.

2. Recompense-se ao Poupar

Transforme o ato de economizar em algo positivo. Por exemplo, ao atingir uma meta de investimento, permita-se um pequeno luxo, como um jantar especial ou uma viagem curta. Isso reduz a sensação de sacrifício.

3. Automatize suas Finanças

Configure transferências automáticas para sua poupança ou investimentos antes de ter a chance de gastar o dinheiro. Assim, você age racionalmente sem precisar lutar contra seu impulso natural.

4. Use o “Teste dos 30 Dias” para Compras

Antes de fazer uma compra grande, aguarde 30 dias. Se depois desse período você ainda quiser o item, compre. Muitas vezes, o desejo impulsivo desaparece.

5. Pense nos Custos Ocultos das Decisões Impulsivas

Cada real gasto hoje representa um real a menos investido para o futuro. Se R$ 100 investidos hoje podem se transformar em R$ 1.000 no futuro, vale mesmo a pena gastar agora?

Conclusão

Nosso cérebro está programado para preferir recompensas imediatas, mas essa mentalidade pode ser prejudicial para nossa saúde financeira. Ao entender a Teoria do Tempo Presente e o impacto do desconto hiperbólico, podemos treinar nossa mente para tomar decisões financeiras mais inteligentes e equilibradas.

Com pequenas mudanças de hábito e um pouco de planejamento, é possível reverter essa tendência e construir um futuro financeiro mais próspero. Afinal, R$ 200 amanhã pode ser muito mais valioso do que R$ 100 hoje!

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